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A Filosofia não serve para nada

Para quem não está acostumando a pensar, refletir, buscar o conhecimento, não filosofar é quase “norma”...

Dia do filósofo: um momento deveras simbólico nas datas comemorativas, ainda mais ante o notável desinteresse de uma sociedade bélica.


Você já ouviu falar que a Filosofia "não serve para nada"? Já se perguntou o porquê de tal afirmação? Não direi agora, decerto, mas deixarei nas entrelinhas.


Eis que uma provocação pretende “maximizar” o nosso olhar social treinando, abrindo (talvez) algumas janelas quase enferrujadas, ou engessadas, de nossa casa epistemológica.


Com o olhar nosso treinado feito “soldado” para seguir “passos”, a marcha social indica para uma “força”, a saber, esta: exaltar o poder da força, mesmo que inconscientemente.


Prova disso é que, no dia do soldado, por exemplo, o Brasil se movimenta de forma frenética, com festejos do Oiapoque ao Chuí, repleto de ações, desde espetáculos a shows por todo o país, além do clássico desfile do artesanal das Forças Armadas.


Vês? No dia que se pressupõe com força, bélico, ipisis litteris, não se medem esforços para exaltar um dia de “tanto destaque”.


Já o Dia do filósofo... “Pouca força” para celebrar um dia que nos incentiva ao ato de pensar.


Chega a ser excitante falar da repercussão do dia em questão. Contam ironias e há muita tristeza, embora tudo aconteça ao mesmo tempo. Isso seria broxante? Depende. Para quem não está acostumando a pensar, refletir, buscar o conhecimento, não filosofar é quase “norma”; então, normal e mais que comum. Nesta senda, o dia supradito (já com várias reticências...) deve sugerir ou aparecer como o dia de “pensar” (visto que a Filosofia tem como um de seus intuitos o pensar).


Em vez disso, os espetáculos, shows e eventos diversos ficam apenas na nossa imaginação. Talvez, fruto da seguinte ideia: “FILOSOFIA NÃO SERVE PARA NADA”.


Não é? Não!


Muitos de nós mal sabemos qual é a data “comemorativa” que marca esse dia. Isso mesmo! Nós, brasileiros, natos ou não, podemos saber o dia do Índio, do Soldado, até do descobrimento do país, mas o dia do filósofo... Para quê?


Tudo bem! O horizonte de expectativa será fissurado (risos). A data será notificada. Não por mim, é claro, mas por você que, ao menos, se dá ao trabalho de pesquisar sobre esse importante dia, visto que tal ato de pesquisar já é um pensar sobre essa tal “normalidade”.


No póstero parágrafo, para atiçar mais essa curiosidade, pondo-a como um múnus de qualquer cidadão pensante, destacam-se grandes personalidades que valorizaram a Filosofia e, por conseguinte, deixaram o Dia do filósofo como ad infinintum para nós, cidadãos do mundo.


Se a Filosofia serve para algo, não deve ter relação com exatas, não? Ledo engano quem supõe que apenas grandes pensadores de humanas exploravam a Filosofia e gozavam de seus usufrutos. Você sabia, por exemplo, que apesar de pai da Matemática, Pitágoras também era filósofo? Já o francês René Descartes, também filósofo, criou a chamada "geometria analítica" (me parece algo bem matemático... Mas a Filosofia o serviu).


Quer mais um exemplo de gênios inclinados para ciências exatas que se debruçaram "com força" na Filosofia? Ei-lo: Galileu Galilei. Sim. Apesar de gênio das exatas, também se versou na Filosofia.


Frente a isso, o que diremos? Ainda é preciso mais exemplos e sustentação da importância da Filosofia? Acho que não, a não ser que a Filosofia servisse apenas aos interesses escusos de governantes que tendem a adestrar o povo, os tolhendo de deixar a Filosofia ao seu serviço.


Finalizo, portanto, usando mais uma ferramenta filosófica, a saber, a maiêutica (ferramenta filosófica que basicamente consistia em fazer uma pergunta para responder a outra), sob a égide de outro filósofo que dispensa apresentação (Sócrates):


Se a Filosofia "não serve para nada", por que grandes gênios da história se "serviram" tanto dela?


Alberto Rios.

Letrólogo.



2 comentários


Convidado:
22 de jan. de 2023

Instigante o seu texto!

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Thiago Carvalho
Thiago Carvalho
22 de jan. de 2023

Olá, Alberto.


A filosofia não serve para nada mesmo, porque não está [ou deveria está] a serviço de nada nem ninguém. Assim, a expressão e título de seu artigo é intessante porque joga com a linguagem. Ela procura dizer o contrário do que se afirma, isto é, que é justamente por não servir para nada é que tem serventia quando se tem no horizonte a questão da luta contra as mais diversas formas de opressão.


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