As pandemias na pandemia
- Marcelo Kassab
- 15 de dez. de 2022
- 2 min de leitura
A humanidade deve escolher entre o individualismo perverso ou a empatia, a qual nos traz à luz uma visão do outro...
Vivemos um ineditismo neste século. Talvez até na história da humanidade, em que pesem outras pandemias do passado.
A Covid-19 escancara nossas diferenças sociais e morais. A desinformação é fatal e não pode, assim como a doença, ser tratada de modo esquivo como outras pandemias que assolam o planeta. Nossos sentidos ainda estão imunes a uma série delas; guerras e miséria, para ser sucinto.
Ao contrário da fome, a perversidade do coronavírus salta aos olhos do primeiro mundo, tomando de assalto seus bem alimentados cidadãos.
Temos hoje o nosso maior desafio e o êxito passa, inevitavelmente, por ações cooperativas entre todos os países.
Grandes potências exerceram seu poder econômico para subjugar outras nações, interrompendo e desviando o fornecimento de produtos essenciais, principalmente aqueles destinados à saúde.
O populismo viral traz consigo o isolamento nacional, a visão medíocre e a criação de inimigos de carne e osso, quando nossas forças deveriam estar voltadas para o invisível, não só com a finalidade de combatê-lo, mas objetivando aprender as lições embutidas no seu genoma, que vão além da Biologia, bem como a atenta observação às alterações globais pelas quais estamos passando.
Como nos relacionaremos com o futuro? Quais serão as nossas prioridades no que tange ao acúmulo de riqueza e bens materiais?
Essas questões podem ser cruciais para o modo como lidaremos com a nossa existência neste planeta.
Em pleno século vinte e um, ainda temos pelo mundo governantes que dão de ombros à ciência, priorizando as suas próprias crenças. Por outro lado, as descobertas científicas não devem ser um privilégio que beneficiará a poucos, mas algo que deve ser compartilhado para o bem comum. Antagonicamente, o momento nos ensina como o “mal comum” pode ser disseminado de maneira rápida e acessível.
Cabe à humanidade escolher em qual lado vai se colocar: O individualismo perverso ou a empatia, a qual nos traz à luz uma visão do outro como um semelhante à mercê das mesmas necessidades?
Governos populistas politizam a doença, inoculando o vírus da culpa em povos de outras nações, incitando ódio e discriminação. Assim, cada vez mais, limitam-se as fronteiras da cooperação, os muros erguidos tornam-se intransponíveis e as distâncias, insuperáveis.
Há de se aprender com uma possível nova ordem mundial. É imperioso que recomecemos, perscrutando através do breu em que a Covid-19 nos lançou.
Há muitas pandemias dentro de uma pandemia.
Não se trata apenas de mobilizar uma nação, despertando no povo o orgulho nacionalista e bélico.
Devemos nos colocar acima dos estandartes.
Não somos apenas um país… Somos o mundo.
Marcelo Kassab.
Escritor e Cirurgião dentista.




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