Interestelar

Assusta a cronicidade da dor o conformismo com o inconformável...

Assusta a cronicidade da dor

O conformismo com o inconformável.

Somos pós-modermos por obra capitalista e bênçãos tecnológicas.

Somos fluidos por Bauman e fugazes por nós.

A sós, individuais.

Individualistas.

Armados de intemperança

Matamos empatias, sufocamos esperanças.

Incendiamos existências.

Queimamos sapiências.

Nossas crenças...

Religiosos esperam o resgate divino

Enquanto ateus só querem descansar em paz.

A morte rápida não te decifra.

O que te explica são lembranças adormecidas

Trazidas lentamente à vida.

E o amor...

É o que te define.

Nômade. Onipresente, mesmo quando parece ausente.

Em sementes do mal, aflorar o bem.

É resiliência. Insistência. Insana higidez.

Sanidade de demência. Plácido escandalizar.

O amor é o que convém.

É aquele que convence.

Vence, perde e segue... Fere.

Deixa sangrar. Irriga de algia tão profunda

Que faz dela emergir a própria cura

Para o que não mais regenera.

Então é Cancro.

Tântrico.

Pecado abençoado.

Perdoado.

Está nas mãos que entrelaçam.

Gera Força e emana luz.

Interestelar.

O amor se perde na eternidade

E se basta até o último sentido.

Natureza sem lei.

O amor morre em si

Para renascer em alguém.

Marcelo Kassab.

Escritor e Cirurgião dentista.