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Lição de Paulo aos romanos

Para a sua frustração, após três semanas, bastam algumas provocações para tudo voltar a ser como antes...

Uma das palavras mais relevantes em nosso século é “Ressignificação”.


Muito dita no meio de desenvolvimento humano, essa palavra está relacionada a crenças que construímos no decorrer da vida. Quando questionamos aquilo que cremos, ampliamos a nossa visão e passamos a enxergar as situações por outro ângulo e ao aceitarmos uma nova perspectiva, mudamos a maneira de pensar (metanoia).


Falo de dar um novo significado às crenças – ou seja – ressignificação.

Exemplo de crença:


“Todos serão justos comigo”.


Uma crença considerada limitante, pois limita a sua percepção de expectativa. Quando uma pessoa não for justa, você se sentirá violado (a) ao ponto de perder a razão e reagir apenas pelo viés emocional.


Ressignificação:


“Nem todos serão justos comigo e isso eu não posso controlar”.


Sua expectativa de reciprocidade diminui, o que previne a sua saúde quando vier a injustiça.

Foi exatamente sobre isso que Paulo de Tarso escreveu em sua carta aos romanos (57 d.C).


Essa carta, registrada na Bíblia cristã, possui reflexões e orientações de Paulo no tocante à justiça de Deus e o processo de conversão de qualquer que aceitasse a vida de Jesus como seu modelo de conduta.


Vejamos o que está escrito em Romanos 12: 02:

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformais-vos pela renovação da vossa mente para que experimentais a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

Note que nesse texto há um processo a ser compreendido e que pode mudar a perspectiva de qualquer ser humano. Não se trata de um trecho religioso – embora muitos o tentam fazer – mas de uma orientação terapêutica para a evolução físico-espiritual.


Paulo mencionou três palavras importantes que vamos discorrer:


1. Transformação;

2. Renovação;

3. Experiência.


A transformação é um acontecimento pelo qual desejamos passar em algum momento de nossas vidas. Essa palavra, por si só, traz pensamentos abstratos, pois sugere diversas definições. Para entendê-la, é preciso atribuir um cenário a fim de que saibamos o que precisa ser transformado.


Em momentos de desespero, por exemplo, dizemos que “se eu sair dessa, serei outra pessoa”. O que de fato estamos dizendo com essa afirmação? Que iremos mudar a nossa forma de viver, seja no pensar ou no agir sobre o mundo e sobre as pessoas. Isso, romanticamente falando, é o que chamamos de “transformação” e é o que foi mencionado na carta aos romanos.


A partir desse olhar, vamos nos aprofundar nas sutilezas de Paulo.


Ele orientou que as pessoas buscassem a transformação. Porém, complementou que isso só pode ser possível “pela renovação da vossa mente”. Perceba que ele está nos dando uma receita de desenvolvimento humano.


Observe o seguinte:


Em algum lugar você já ouviu (ou leu) que é preciso mudar a sua vida e que isso está diretamente relacionado às suas atitudes. Você analisa como tem se comportado perante circunstâncias e decide mudar suas ações e reações. Nos primeiros dias, a sua determinação revela o quanto pode mudar a si mesmo. Você se vê como uma nova pessoa. Mas, para a sua frustração, após três semanas, bastam algumas provocações para tudo voltar a ser como antes – ou até pior.


Por que a “transformação” não ocorreu de fato?


O motivo foi que você se esforçou para mudar as suas atitudes sem questionar suas crenças e com isso, não alterou a sua forma de pensar.


É exatamente sobre isso que se trata o texto paulino. Nada vai ser mudado em você se a sua cognição não for reavaliada, o que chamou Paulo de "renovação".


As crenças, os pensamentos, as emoções e os sentimentos formam uma cadeia que resulta em ações. Tudo relacionado ao meio em que você vive e às mensagens que absorve pelos sentidos. Esse processo não é fácil e, por isso, muitos desistem e permanecem do jeito que aprenderam a ser.


Você amadurece quando aceita que nem tudo o que preserva no inconsciente é útil para o seu desenvolvimento como ser humano. Por isso, ressignificar suas crenças significa renovar a sua mente. É como um faxina em que você separa o que ainda serve e o que deve ser reciclado. Assim, as novas atitudes acontecem automaticamente.


Paulo finaliza o texto falando da consequência dessa transformação pela renovação mental:


“... para que experimentais a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.


Essa experiência com a vontade de Deus é o resultado da ressignificação. Você deixa de julgar e passa a ser mais grato (a) por tudo o que acontece em sua vida. E mais... Agradece por todas as pessoas que cruzaram o seu caminho, não importando o que elas lhe trouxeram de bom ou de ruim.


Com isso, você aceita que tudo o que era para ser já é, concordando ou não. Tudo fica mais agradável, tudo parece ser bom e perfeito.


Gratidão por você estar aqui.

Anderson Cruz.

Escritor, terapeuta e licenciando em filosofia.

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