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A materialidade não é uma escolha... Ou é?

Atualizado: 6 de set.

A materialidade não é uma escolha. Ou você tem ou deve lançar-se no campo de batalha sem dó nem piedade...

Não teria outro caminho para buscar entender a materialidade das coisas sem entrar no “puxadinho” de Marx e Engels e percorrer as dimensões materiais e imateriais. Talvez, fosse tolice atribuir responsabilidade apenas a uma dessas personagens em relação aos feitos das jornadas tão sonhadas (pelos que as perderam) e desprezadas (pelos que as possuem).


Enquanto você procura entender esses dois mundos que nos entrecruzam nas dimensões do existencial e do subjetivo, vamos – a partir das experiências – tentar fazer conexões saudáveis que nos possam tirar os sentimentos de culpa que, por algum momento, nos acompanharam nessa tão apreciada vida.


Para não nos perdermos, voltamos ao princípio. Parafraseando Marx e Engels, em A Ideologia Alemã (1846), uma de suas primeiras colaborações, nós percebemos que sua inquietação fundamental era compreender os elementos sociais a partir das experiências concretas. Esses ensaios serviram como inspiração para suas análises, assim como ocorre neste texto.


Com esses arcabouços citados, a vida material começa a ser definida não pelo que ela é capaz de produzir, mas pelo que ela é capaz de transformar. Nessa engrenagem, nem sempre visível aos olhos, segue o exaustivo tempo (este de trabalho) que não permitiu riquezas aos produtores, mas favoreceu os agentes detentores do poder, os exploradores que sustentam suas vidas pelas vidas exploradas.


Nesse sentido, possível é a afirmação de que a materialidade não é uma escolha! Ou você tem ou deve lançar-se no campo de batalha sem dó nem piedade.


A materialidade está posta aos olhos de quem quer enxergar, fato esse que move o mundo na fila do fichar, na corrida do emprego. Agora, conseguindo entrar nas argutas reflexões, ouso a questionar:


Quando eu busco conquistar, seria isso uma escolha?


Já que a materialidade da vida não é uma escolha, ou você a tem ou você vai buscá-la. Mas se eu busco conquistar, seria isso uma escolha ou uma necessidade imposta?


Prefiro dizer que, sem muitas opções na vida, vou me registrar — ou concursar; escolhas que se impõem na labuta de quem busca explorar suas possibilidades.


De fato — e agora respondo —, a materialidade reside nas mais profundas reservas, assim como na subjetividade de quem se permite alcançar. Ela se contrapõe aos mecanismos forjados por moedas abaladas que permanecem na memória de quem ergueu pontes para muitas travessias; e aliada a uma corrente de elos reflexivos, sua forma se ajusta às lutas travadas ontem, hoje e às que ainda virão. Sobretudo, carrega as heranças que podem permanecer no campo das situações, dissolver-se no anonimato ou, quem sabe, no protagonismo brilhar.


Na saga dos exploradores, afirmo desde já: muitos foram despossuídos de seu tempo, obrigados (ainda que inconscientemente) a venderem seu tempo de trabalho – uma proposta desigual que jamais lhes trouxe riquezas materiais, somente dores que serão parceladas na triste ausência da saúde, causada por horas de um dia em que o sucesso os fez prosseguir. Hoje, as lágrimas denunciam um corpo colocado à prova por demandas cumpridas para um sistema que explora sem nenhuma piedade.


Por hoje é só. Agora, vou dormir. Não, ainda não. Antes, preciso reforçar: o bem coletivo deve existir para que as algemas do capitalismo se rompam e o pensamento crítico alcance sua soberania – soberania sem igual, onde as cifras não conseguem comprar. Da materialidade à subjetividade que muitos podem não possuir, mas têm o poder de conquistar. E, coletivamente, afirmamos: as cifras são apenas uma questão de tempo, e o cenário pode mudar. Assim, deixo uma reserva de ideias para logo podermos parafrasear.


Antelmara Silva.

Pedagoga e licenciada em Filosofia.

12 comentários


Evilany oliveira
24 de mar.

Nessa perspectiva entende -se que a história da humanidade é a história da luta de classes, colocando, assim, as classes sociais como opostas.

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Brenda
24 de mar.

Muito bom

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Convidado:
24 de mar.

Excelente reflexão 👏🏽👏🏽👏🏽

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Thiago
24 de mar.

Muito interessante!

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Jorge Gomes
24 de mar.

Ótima reflexão! O modus operandi do sistema é exatamente isso: compre aquilo que você não precisa, tenha aquilo que você nem sabia que necessitava e obtenha algumas necessidades criadas. Isso vai de encontro com aquela charge da Mafalda: 'use, compre, beba, proveeeeeee. O que eles (mídia, marketing etc) pensam que nós somos? O que nós somos? Eles sabem o que nós somos. ' Isso significa que eles têm o poder de determinar aquilo que nós somos, precisamos e enxergamos o mundo. É necessário questionar esse circuitos que nos aprisionam! É evidente, pois, que muitos precisam do básico (água potável, saneamento, eletricidade, alimentação, vestimenta, mobílias e afins), mas também sabemos que muitos entram num ciclo infinito de conquistar algo que não…


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